Nova Gente: 'Irão, Mahsa Amini e Mohammad Mosaddegh'

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Nos últimos dias temos sido inspirados pelos protestos pacíficos do movimento feminista iraniano decorrentes da morte bárbara de Mahsa Amini nas mãos da polícia política e teológica por, simplesmente, ter usado o véu errado.

Trágica, mas inevitavelmente, esta morte espoletou uma manifestação de anseio por mais liberdade cívica por parte de muitas mulheres iranianas, sobretudo jovens, sendo um dos seus actos mais marcantes a rejeição em público do véu que muitas oprime. Esta rebeldia, sobretudo no Irão, é de uma coragem incalculável.

Mas se recuarmos algumas décadas podemos observar que este fanatismo religioso e governamental não surgiu do nada. Sim ele foi instaurado em 1979 por uma revolta popular contra o governo despótico do xá Reza Pahlevi mas este monarca foi recolocado no poder pelo ocidente para manter os interesses geopolíticos e petrolíferos de potências como a Grã-Bretanha e Estados Unidos da América (MI6/CIA).

Porém, antes da imposição deste tirano no Irão, em 1952, e que levou a anos de corrupção, pobreza generalizada e distanciamento das populações por valores ocidentais, acabando na revolução islâmica (1979), o país teve uma onda nacionalista pro valores ocidentais com dois anos de mandato de Mohammad Mosaddegh como primeiro Ministro. Neste curto período houve uma nacionalização da produção e ganhos do petróleo para as reformas do país e para a melhoria de vida dos seus cidadãos. Esta tentativa de caminhar sozinho gerindo os seus recursos em prol do bem dos seus, fez com que este líder, formado na Europa, conhecesse a morte a defender um Estado mais igualitário e próximo de valores ocidentais.

O dedo do estrangeiro e das potências coloniais e imperialistas ditou a possível aproximação deste país à democracia ocidental.

Não entrando em detalhes históricos e ramificações geopolíticas importa relembrar que a democracia e os valores a ela associados não são novos no Irão. Eles, simplesmente, nunca deixaram de existir.
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