Nova Gente: 'Ilhas Faroé - Porquê matar milhares de baleias e golfinhos'

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Na passada semana organizei um evento com várias instituições da sociedade civil sobre como terminar com o Grind nas Ilhas Faroé.

Curiosa, mas não surpreendentemente, o argumento final desta prática é sempre cultural. Clarificar que o Grind iniciou-se por necessidade existencial, ou seja, um grupo de homens, as mulheres eram até proibidas de assistir à prática, iam para o mar e empurravam baleias e golfinhos para os enclaves para depois os matarem em massa com o propósito de se alimentarem. Nestas áreas remotas, onde o alimento agrícola era escasso, todos os recursos marinhos eram preciosos para a actividade económica e alimentar.
 
Actualmente a região autónoma das Ilhas Faroé, independente em questões agrícolas, piscícolas e ambientais da Dinamarca, pese embora noutras matérias esteja sob a gestão deste país da União Europeia, tem um PIB per capita bem acima da média Europeia e usufrui de inúmeros bens alimentares não necessitando desta prática para sobreviver.
 
Também quando se remete à cultura, como gancho para se manter esta morte de milhares de animais, os habitantes locais “esquecem-se” que já não usam os mesmos métodos de abate, muito menos abdicam das suas carrinhas e barcos a motor para perpetuar estas práticas. Pior, o departamento nacional de saúde emitiu um parecer que desaconselhou qualquer consumo destes “bens” visto que as condições ambientais se alteraram substancialmente nos últimos anos, ou seja, os valores de partículas tóxicas nestes animais para consumo humano, devido a poluição ambiental, excedem o aconselhável. Por último, o que era antigamente ocasional agora é prática comum, sempre e quando existem condições atmosféricas e vontade dos habitantes (não existem quotas).
 
Assim vemos que a cultura já nem serve para justificar estes actos pois a sociedade evolui. E tal como Portugal, que aboliu a caça à baleia (e eventualmente há de abolir as touradas), também esta região o pode fazer. Haja vontade política.

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