TSF: 'Os primeiros movimentos do Governo de Lula são inquietantes porque replicam a política de Bolsonaro'

TSF: 'Os primeiros movimentos do Governo de Lula são inquietantes porque replicam a política de Bolsonaro'

  • Segunda-feira, 15 de Maio de 2023

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Candidato à Presidência do Brasil por quatro vezes, Ciro Gomes esteve em Lisboa e falou em exclusivo com a TSF. Na primeira entrevista após as eleições, mostra-se satisfeito com a saída de cena de Bolsonaro, mas critica a forma como Lula da Silva tem conduzido o país.

epois da libertação de "um período trágico" e já com Lula da Silva no poder há 135 dias, Ciro Gomes aborda pela primeira vez o futuro do Brasil, que olha com grande "interrogação e incógnita". Numa visita a Estrasburgo e a Lisboa, a convite do eurodeputado independente Francisco Guerreiro, o ex-candidato presidencial brasileiro não poupa nas críticas a Bolsonaro nem a Lula da Silva.

"O Bolsonaro, que é uma figura absolutamente caricata, em matéria de corrupção de atraso conceptual, de comportamento pessoal, enfim. Eu diria que ali há um resumo chocante das contradições brasileiras mais vis, mas ele não desceu de Marte, não veio de Vénus, não é de Júpiter nem de outra galáxia. Ele foi produzido pelo momento social, económico e político brasileira que é a debacle económica e social na esteira da corrupção que o Lula e o PT produziram no Brasil", defende.

Com a saída de cena de Bolsonaro, para já, da política brasileira, Ciro Gomes confessa satisfação por ver o Brasil livrar-se "dessa caricatura que matou milhares de pessoas", numa referência à gestão do ex-presidente durante a pandemia. "A forma como Bolsonaro conduziu a pandemia foi genocida. Eu mesmo representei no Tribunal de Haia", sublinha, criticando a demora na resposta a esse processo.

Com a instabilidade política e uma sociedade dividida, Lula chegou ao poder e os primeiros meses não foram fáceis, desde logo com o ataque aos três poderes, em Brasília. Para Ciro Gomes, os primeiros movimentos do novo Governo "são inquietantes porque replicam exatamente as mesmas questões de Bolsonaro na economia e na política".

No plano económico, Ciro diz que a estratégia é a mesma e mostra-se preocupado com "a maior taxa de juro do planeta". "Lula mantém o mesmo presidente, a mesma direção de Bolsonaro do Banco Central". Além disso, no que diz respeito à política, Ciro Gomes não entende a razão de Lula ter feito também um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados "que estava fazendo o serviço do Bolsonaro." "O Presidente do Senado, entre outros, são rigorosamente as mesmas pessoas."

Nesta entrevista exclusiva à TSF, Ciro Gomes analisa os primeiros meses de Lula no cargo e o balanço não é positivo. "44% dos adultos no Brasil, ou seja, quase metade estão endividadas e constrangidas, o desemprego já subiu nesses últimos quatro meses, o desmatamento da Amazónia cresceu 14% com o mesmo período do Bolsonaro. Isso tudo vai cobrar um preço muito grave quando essa esperança difusa afirmada pela vitória contra o atraso que Bolsonaro representa Bolsonaro se dissipar e o viver real das pessoas vai cobrar", revela.

Portugal, Brasil e o Mercosul

De visita a Lisboa, Ciro Gomes elogia a História de Portugal e o povo português e, numa referência a uma das frases da sua campanha presidencial, ainda deseja ver a qualidade de vista portuguesa no Brasil.

"Ainda antes dos constrangimentos que obrigam Portugal a jogar junto com a União Europeia, o Brasil poderia aprofundar muito mais, mas o despreparo das nossas elites, principalmente depois da ditadura, em que as nossas emergências políticas foram superadas, agora ficamos aí perplexos e precisamos de resolver essas questões, e Portugal é quem nos pode ajudar", acredita, dando o exemplo de políticas que tiveram sucesso por cá, como a descriminalização do consumo de droga.

Além disso, Ciro Gomes considera que Portugal pode ter um papel importante no entendimento entre o Brasil e a União Europeia no que diz respeito ao Mercosul, que começa a ser renegociado. O antigo candidato presidencial brasileiro lamenta que o Brasil esteja a experimentar "a pior desindustrialização" da história do capitalismo. "Não há precedente. O país em 1980 tinha 27% do PIB originário da indústria, hoje tem 11%. Não há nada parecido no planeta terra", refere.

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