Nova Gente: 'Repensar a Aquicultura - Capítulo V - Conclusões'

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Nos últimos artigos tenho mostrado o impacto negativo do actual sistema de aquicultura e a falsa narrativa que este modelo é uma solução para a “crise alimentar”. Porém existem soluções económicas e políticas que importam debater e aplicar.

Primeiro, e o mais difícil para a maioria dos políticos e partidos, é ser honesto na análise dos impactos negativos deste sector na economia, nos ecossistemas e na gestão integrada de recursos. Mas olhando para os dados existe uma medida estrutural, porém impopular para quem vive de chavões políticos, que é o decrescimento do consumo de produtos animais que advêm da actual aquicultura (terrestre, ribeirinha e/ou marítima). Nunca conseguiremos ter um sistema eficaz de produção, distribuição, consumo e gestão de resíduos se ignorarmos a impossibilidade do actual sistema disfuncional. Assim, há que politicamente afirmar que o consumo é sempre livre, ninguém quer limitar a liberdade de cada um, mas as políticas económicas e sociais que sustentam determinados modelos têm que ser revistas e actualizadas.

Neste sentido de melhoria importa então planear o crescimento do sector em espécies de baixo nível trófico, (digamos omnívoros ou herbívoros), ou seja, que não sejam meramente carnívoras, e que evitem consumir mais quilogramas de pescado do que aquele que irão inserir no sistema alimentar. Deve apostar-se também na produção de bivalves e moluscos que têm um impacto muito positivo na captura de carbono tal como na limpeza de ecossistemas marinhos garantindo assim uma gestão económica e ambiental mais sustentável. No seguimento importa também exponenciar o investimento na produção e consumo de algas e de produtos similares. Não só porque diminuímos a nossa dependência externa como garantimos o crescimento sustentável desta indústria na União Europeia, criando empregos e tecido empresarial de baixo impacto carbónico. Estes são alguns dos exemplos que importam implementar o quanto antes, mas como em muito, falta visão e coragem política.

Texto: Francisco Guerreiro 

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