Nova Gente: 'Pico do petróleo: o conceito que todos deveriam conhecer'

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Diariamente somos bombardeados com as constantes flutuações do preço do petróleo e assuas repercussões no nosso dia a dia, mas raramente se fala do elefante na sala: o pico dopetróleo.

O pico de petróleo, ou mais conhecido como a teoria de Hubbert (teorizado pelo geofísicoMarion King Hubbert), é o ponto de inflexão que qualquer poço ou aglomerado de produção,num país ou região, sofre por ser um recurso finito. Ou seja, inicialmente com a descobertade um poço existe um crescimento da oferta que a seu tempo chega a um ponto máximo apartir do qual a extração começa a ser decrescente chegando, obrigatoriamente, ao seu fim.Se adicionarmos todas as produções de um país, região ou mesmo mundo, conseguimoscalcular este ponto máximo de produção e, consequentemente, quando teremos menos ofertadeste bem fóssil finito (este exercício faz-se também para outros recursos fósseis).

Infelizmente a narrativa política raramente contempla que já estamos nesse ponto de inflexãonegativa. É ainda mais problemático porque ao contrário da maioria dos países, que comunicafidedignamente quantas reservas de petróleo tem, para se poder calcular esta hipérbole eplanificar a transição, alguns ocultam ou manipulam estes dados. Falo, por exemplo, daArábia Saudita, que até há pouco tempo não tinha uma avaliação independente dos seus stocks.

Esta temática é ainda mais grave pois continuamos a insistir que não existe desenvolvimentosustentável sem crescimento e numa era onde os combustíveis fósseis baratos deixarão de seruma opção esta falsa promessa gerará mais descontentamento civil. Podemos sempre fazercomo a extrema direita e negar os impactos climáticos ou mesmo que esta escassez existe,mas se seguirmos a ciência económica e geológica compreendemos que é urgente direcionartodos os recursos para a criação de uma economia baseada em fontes energéticas renováveistal como debater a impossibilidade dos modelos de desenvolvimento se basearem nocrescimento pelo crescimento.

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