Nova Gente: 'Os ciclos da escravatura'

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Actualmente, a sociedade está condicionada a sobreviver em ciclos repetitivos do que considero uma escravatura moderna.
Cada vez mais as nossas vidas são padronizadas para continuarmos no ciclo consumista de uma vida direcionada para educarmos para o trabalho, não necessariamente para criar, para crescermos no exercício de uma determinada função na sociedade, não sermos parte transformadora da mesma repensando o próprio status quo, para consumirmos o que nos é impingido pelas grandes máquinas de marketing, não para usufruirmos responsavelmente dos recursos que são de todos, e para nos organizarmos semanal, mensal e anualmente em ciclos contínuos de rotinas, sejam elas pessoais ou colectivas – falo dos Natais, Carnavais, férias de Verão, regresso às aulas, rentrées políticas, novos Europeus e Mundiais, entre tantos outros padrões que nos mantêm presos nesta roda giratória. 
A incapacidade de sonharmos numa nova sociedade onde a real liberdade de estarmos, sermos e experienciarmos faz também com que a classe política aliada aos meios de comunicação social e aos grupos económicos de maior poder sejam promotores destes ciclos repetitivos e degenerativos. Deixámos de olhar para o futuro com o poder transformador de ideias e de projectos que vão para além do que conhecemos. Vivemos no medo das opiniões alheias, presos numa falsa dicotomia, polarizados, tentando criar significado na vida com as mesmas ferramentas que nos aprisionam nela. 
Para mim, a actual crise social, económica e climática advém também dessa falta de autocrítica, de pensamento crítico societal e de uma assustadora padronização de pensamento e de acção. E, como agente político, considero este um dos maiores fracassos destas últimas gerações. 
Criou-se a apatia de aceitar esta nova escravatura moderna e, deste modo, não conseguiremos garantir uma transição para uma sociedade baseada na não-violência, no autoconhecimento, na partilha, no diálogo e no aprofundamento democrático.

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