Nova gente: 'O quão difícil (mas fácil) é mudar de sistema?'

• Nova Gente

Ultimamente tenho seguido a campanha eleitoral no Brasil, e vejo como o sistema económico e financeiro vigente de tudo faz para personalizar a campanha e não debater propostas. ~

Sinais dos tempos em que a política se restringe a dizer que tudo melhorará sem apresentar propostas concretas e estruturais para o efeito. Dedicando tempo e recursos a debater personalismos dos candidatos/as reforçando a anestesia geral de uma sociedade exausta de tanta dissimulação e de tanta desigualdade.

Neste sentido surpreende-me o modo vil e despolitizado com que têm atacado o candidato trabalhista Ciro Gomes. E algo que me fez relacionar com o seu trabalho estóico, sobretudo nestas eleições, foi quando o mesmo frisou que há mais de 40 dias não está fisicamente com o seu filho de 6 anos, mas mesmo assim, compreendendo que também está em risco o seu futuro, continua na recta final da campanha a partilhar o seu programa, a apresentar soluções para os problemas existenciais do Brasil e a apontar o dedo às incoerências dos “líderes” das pesquisas, Lula e Bolsonaro.

E o dito sistema, aquele que vive em bolhas hermeticamente seladas, que mantém o paradigma económico de concentração de riqueza, que não toca nos grandes monopólios da banca e do sistema financeiro, que vive com a complacência de muita da comunidade artística e elitista, vai reforçando este debate despolitizado de destruição sistemática do carácter pouco validando o debate sério em torno de propostas e programas.

O debate político no Brasil, como um pouco por todo o mundo, centra-se no entrincheiramento de blocos, sem capacidade de pensar, debater e construir um paradigma social, económico e ecológico diferente e alternativo. Mas para quem acredita, como eu, Ciro e muitos outros, que a democracia pode ser bem mais que a cedência ao sistema vigente, que falta cumprir o melhor da Humanidade, e que não só é possível sonhar como criar este mundo novo, o caminho apesar de tortuoso é impreterivelmente necessário.

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