Nova Gente: 'Celebrar a derrota de Bolsonaro'

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No final de outubro o mundo esteve de olhos postos no Brasil para ver quem sairia vitorioso das eleições presidenciais entre Lula Inácio da Silva e Jair Messias Bolsonaro. No final, no segundo turno, o candidato de esquerda ganhou com uma ligeira margem de 1.8%, ou seja, com mais 2 milhões 138 mil e 645 votos (50.9% vs 49.1%). De facto, o modelo económico e social de Bolsonaro foi derrotado.

A sua gestão da pandemia foi desastrosa ao desconsiderar os seus impactos na vida de pessoas, ao aumentar a pressão no serviço nacional de saúde Brasileiro e ao ignorar a ciência em torno de um processo de vacinação rápido e estruturado.

Também o seu constante ataque ao ambiente com a participação, directa ou por omissão, de actividades criminosas na Amazónia levou a uma constatação que Bolsonaro é incapaz de seguir a ciência e proteger as gerações futuras.

O emparelhamento do sistema governamental com cargos assentes na defesa pessoalista do presidente tal como a militarização dos servidores públicos fez com que a isenção na tomada de medidas em prol do bem comum, e da sociedade civil, fosse largamente questionada. Mais, a paranoia de combater o crime e a violência no Brasil, armando os cidadãos e efectuando rusgas indiscriminadas nas favelas ignorando o actual modelo económico e social que empurra milhões para a pobreza, para a informalidade e para o desespero, garantiu a fórmula (quase) perfeita para o fim desta era Bolsonaro.

Dito isto não considero que Lula seja o que o Brasil precisa para apaziguar o país e garantir um novo modelo de desenvolvimento assente na melhor distribuição da riqueza e protecção ambiental, até porque sempre apoiei o programa de Ciro Gomes, mas agora é tempo de, na oposição, ajudar a encaminhar as suas decisões em prol desta transição. Resumindo, celebrar a derrota de Bolsonaro não deve servir para ignorar os desafios do governo de Lula muito menos desconsiderar que no futuro próximo a extrema direita tentará voltar a governar o país.

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