Nova Gente: 'A PAC e uma agricultura ultrapassada'
Na última semana foi aprovada, em plenário, a Política Agrícola Comum (a PAC divide-se em três grandes eixos: Planos Estratégicos, a Organização Comum de Mercados e a pasta de Financiamento, Gestão e Acompanhamento). Mas o que foi aprovado, pouco ou nada tem de inovador. Porquê?
Porque vivemos num período em que a crise climática é uma realidade, e sendo que a agricultura é directamente responsável por mais de 10% das emissões com gases de efeito de estufa, dos quais 70% advêm da pecuária, torna-se irresponsável continuar a financiar a produção de alimentos numa perspectiva quantitativa sem se internalizar os seus impactos na biodiversidade.
A própria avaliação do Tribunal Europeu de Contas demonstrou que os efeitos do dinheiro investido nas últimas PAC pouco acrescentou à regeneração da biodiversidade. Aliás, fez exactamente o contrário. Também é importante alertar que os chamados eco-esquemas, apoios à regeneração dos e nos terrenos agrícolas, são meramente voluntários.
Em paralelo continuamos a financiar a pecuária intensiva, modos intensivos de produção vegetal e sempre com uma vertente de produzir excedentes para exportar. Isto quando desperdiçamos cerca de 1/3 da nossa comida na União Europeia. Estes sinais, de manutenção do status quo produtivo, vão mesmo contra a Estratégia do Prado ao Prato, que foi também recentemente aprovada.
Para finalizar, importa partilhar que cerca de 80% das ajudas directas da PAC vão para os 20% mais ricos e concentrados negócios agroalimentares, destruindo assim ainda mais negócios familiares e despovoando ainda mais o mundo rural.
Tudo isto, e muito mais, faz com que seja irreal pensarmos que a PAC será um factor positivo de transição económica, social e ambiental. Dizem os eurodeputados que votaram a favor que é a PAC possível. Eu votei contra porque sei que ela é impraticável para os pequenos agricultores, para os animais de pecuária e para ecossistemas.
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Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2023
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