Nova Gente: 'O interior de Portugal e o Plano de Recuperação e Resiliência'
Temos um potencial imenso em vastas áreas do interior, de norte a sul, para trazer pessoas, empresas e investimentos, mas falta o principal: Visão política para darmos voz a estas gentes.
Tempo e paciência. Estes serão, acredito, os principais desafios para ler as 338 páginas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que o Governo Português entregou, depois de um curto período de consulta pública, à Comissão Europeia. De título “Recuperar Portugal, construindo o futuro”, o documento apresenta-nos um complemento à Estratégia Portugal 2030.
Estima-se que o PRR, se aprovado por Bruxelas, usará 16.6 mil milhões de euros, 14 mil M€ de subvenções e 2.7 mil M€ de empréstimos, até 2026, em três grandes áreas de acção: em Resiliência (investimentos no SNS, Habitação, Gestão Hídrica, etc.), 11.125 mil M€, na Transição Climática (Descarbonização da Indústria, Hidrogénio e Renováveis, Mobilidade, etc.), com 3.095 mil M€, e na Transição Digital (Empresas 4.0, Administração Pública, Escola Digital, entre outras) investindo 2.460 mil M€.
Será impossível analisar e comentar o PRR neste espaço de opinião, mas vejo, mais uma vez, uma tendência de investimento no litoral e nas grandes urbes do País. Porquê? Porque durante largas décadas tem sido aí onde se tem investido mais, sendo, naturalmente, no litoral e nas grandes cidades onde agora se precisa de financiar mais, por exemplo, a descarbonização dos transportes públicos, a melhoria e renovação do parque habitacional, etc.
Mas creio que estes anos são, mais uma vez, uma oportunidade perdida para o interior de Portugal. Vejamos que o aeroporto de Beja continua a não ser uma opção política para substituir o Montijo, que não se fala em ligação ferroviária de alta velocidade para Madrid, que se resume, uma vez mais, o interior ao chavão do Mundo Rural.
Temos um potencial imenso em vastas áreas do interior, de norte a sul, para trazer pessoas, empresas e investimentos, mas falta o principal: Visão política para darmos voz a estas gentes.
Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado
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Quarta-feira, 17 de Abril de 2024
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