Nova Gente: '2027?'

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No Parlamento Europeu decorreu a audição pública aos promotores da Iniciativa Europeia de Cidadãos para terminar com as gaiolas e jaulas na União Europeia (UE). Uma iniciativa que recolheu mais de 1,4 milhões de assinaturas.

Na audição tivemos a oportunidade de ouvir os peticionários, através da Compassion in World Farming. Falámos com cientistas, que abordaram os mais recentes estudos científicos sobre a sensibilidade destes animais (agricultores, que actualmente “produzem” animais de pecuária sem quaisquer gaiolas ou jaulas), o comissário para a Agricultura, Janusz Wojciechowski (sempre bastante conservador na matéria) e a comissária para a Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides, com uma visão mais holística, mas ainda bastante retraída. 

Durante a audição tive oportunidade de questionar a relação entre o modelo intensivo de produção de animais, fortemente financiado pela Política Agrícola Comum (PAC), e o objectivo de garantir melhores condições de bem-estar animal, sobretudo em animais de pecuária. 

O último Eurobarómetro aponta uma evidente vontade: 96% dos europeus querem mais medidas de bem-estar animal no sector agrícola. Falei também dos milionários subsídios ao marketing de produtos animais que desvirtuam o objectivo do Pacto Ecológico Europeu, da Estratégia para a Biodiversidade e da Estratégia do Prado ao Prato, que promove uma alteração da produção e do consumo para bens alimentares mais à base de vegetais. 

Ficou claro que é possível haver uma transição para este sistema mais extensivo de “produção” terminando com as jaulas e gaiolas na pecuária até 2027. Com apoio aos agricultores que queiram fazer esta transição, com medidas que nos protejam de produtos fora da UE que não tenham as mesmas garantias de bem-estar animal, com o fim da forte subsidiação da PAC na indústria pecuária e a transição para mais produtos vegetais é possível terminarmos com esta crueldade diária para com milhões de animais.
Texto: Francisco Guerreiro, eurodeputado

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