VISÃO: Irrevogável 'Não me vejo como futuro líder ou candidato a algo. Não o vejo, nem nunca o vi'

VISÃO: Irrevogável 'Não me vejo como futuro líder ou candidato a algo. Não o vejo, nem nunca o vi'

  • Quarta-feira, 18 de Novembro de 2020

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Lisboa, 18 de Novembro de 2020- No Irrevogável desta semana, o eurodeputado Francisco Guerreiro disse que já teve aproximações de vários partidos depois da saída do PAN e revelou que votaria contra o OE por causa do aeroporto do Montijo e falta de avanços no rendimento básico incondicional. Responsabiliza ainda o PSD por abrir portas ao Chega nos Açores, um partido "anti-europa, nacionalista"

O eurodeputado Francisco Guerreiro, que em junho se desligou do PAN, admite que foi sondado nos últimos meses para aderir a partidos, representados na Assembleia da República e não só, mas que não está disponível para integrar nenhuma força política num futuro próximo. “Estou focado em trabalhar com a minha família europeia, em trabalhar para o Parlamento Europeu e não tenho qualquer vontade de me aproximar de qualquer partido,” afirmou no “Irrevogável”, o programa de entrevistas da VISÃO, que foi transmitido esta quarta-feira, 18 de novembro.

O deputado europeu, atualmente com pastas como agricultura e desenvolvimento rural ou bem-estar dos animais e que se encontra integrado no grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, disse que vai deixar o seu futuro político “ao sabor do vento” e recusou um cenário de “carreirismo”: “Não me vejo como futuro líder ou candidato a algo. Não o vejo, nunca o vi.” Sobre a decisão de saída do PAN, considerou que foi “bastante ponderada” e que está “muito bem resolvido” com o partido onde militou durante oito anos.

Ao longo de cerca de meia hora de entrevista, em que se pronunciou sobre temas com a nova Política Agrícola Comum e os vetos da Polónia e da Hungria ao orçamento e plano de recuperação europeus, o eurodeputado disse ainda que votaria contra a proposta de Orçamento do Estado apresentada pelo Governo devido à falta de avanços em questões como o rendimento básico incondicional e por o Executivo insistir na construção do aeroporto do Montijo, “uma linha vermelha” para si.

Sobre a rejeição do documento pelo Bloco de Esquerda na votação na generalidade, Francisco Guerreiro diz que o partido de Catarina Martins foi um “oportunista factual. Votou contra quando sabia que o Orçamento estava pré-aprovado. Houve aqui um taticismo muito próprio do Bloco de Esquerda.” E lamentou ainda que o Governo tenha perdido uma oportunidade de melhorar o Orçamento, “mesmo com propostas de partidos de centro direita”, dada a clivagem criada com estas forças políticas.

Já em relação ao Plano de Recuperação e Resiliência apresentado pelo Executivo para o pós-pandemia, elogiou a prioridade de investimento no hidrogénio (mesmo que duvide da estratégia de exportação que lhe está associada), mas apontou contradições entre o compromisso com a descarbonização e a aposta no novo aeroporto ou num “modelo produtivo agrícola que é muito desfasado das necessidades de diminuir a pegada hídrica, de proteger os solos e a floresta”. A necessidade de discriminação positiva de boas práticas pela via dos impostos também mereceu um sublinhado: “Podia ser altura de fazermos um plano de recuperação que diminuísse a carga fiscal sobre as empresas, sobretudo as que estão a ter papel muito positivo na digitalização e na diminuição da pegada energética.”

A viabilização pelo Chega do Governo ancorado no acordo PSD-CDS-PPM nos Açores também foi analisada por Francisco Guerreiro, que responsabilizou os sociais-democratas pelo que diz ser “uma hecatombe num partido histórico”. “O PSD abriu a porta para negociar com um partido que é anti-Europa, nacionalista, que quer fechar fronteiras e enrijecer o projeto europeu. Faz questionar se, realmente, o PSD está no bom caminho,” referiu. O eurodeputado, que diz ter falado com algumas pessoas dentro daquele partido, vê ainda a liderança de Rui Rio “bastante trémula, porque abriu as portas a algo que vai contra os princípios do PSD”. 

Ainda que não tenha voto definido, sabe que irá às urnas nas eleições presidenciais de janeiro e exclui desde já votar nos “três” candidatos que não são europeístas. Quanto aos restantes, promete analisar as suas propostas em matéria de transição ecológica, embora a primeira leitura não lhe deixe muitas esperanças: “Infelizmente a bandeira ecológica e as reais propostas ambientais e de transição ecológica não estão presentes nestes candidatos e isso irá condicionar bastante o meu voto.”  

 

Ouve o podcast aqui.


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