TSF: 'Não há nenhuma linha vermelha que me afaste do Volt'

TSF: 'Não há nenhuma linha vermelha que me afaste do Volt'

  • Quinta-feira, 21 de Outubro de 2021

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O eurodeputado eleito pelo PAN e entretanto tornado independente, Francisco Guerreiro, anunciou que pretende aderir ao partido pan-europeu Volt.

O partido foi criado em 2017, como reação ao Brexit. Dois anos depois conseguiu eleger um eurodeputado, na Alemanha. Tem tido, porém, resultados praticamente residuais nas várias eleições em que já se apresentou. A mais recente foi à câmara de Lisboa. Mas, tal como na generalidade da Europa, os votos alcançados na capital também não chegaram aos 0,5%.

Entrevistado pela TSF, em Estrasburgo, o eurodeputado fala sobre o futuro nas próximas eleições europeias, afirma que nunca pensou em regressar ao PAN, e diz agora que pretende ajudar a crescer o partido de que se aproximou num "processo natural".

Porque pretende aderir ao Volt?

Primeiramente, porque eles estão comigo na família dos Verdes europeus, a trabalhar diariamente, aqui no Parlamento Europeu. Já têm um eleito alemão que é o Damian Boeselager, que também está na Comissão de Orçamentos comigo. E, portanto tenho feito um trabalho com ele muito próximo, e comungo das posições que esse partido tem vindo a ter aqui no Parlamento Europeu. Depois, porque é um partido europeísta e ecologista, [e] inclui medidas de bem-estar animal. E, nesse sentido não há nenhuma linha vermelha que me fizesse estar de costas voltadas para o Volt, muito pelo contrário. Aliás o meu apoio também já foi manifesto nas autárquicas perante o apoio à candidatura nas autárquicas do Volt. É um processo natural.

De que forma espera tirar partido da sua experiência europeia para fazer crescer um partido, que nas mais recentes eleições, em Lisboa, teve 0,45 por cento dos votos, e em termos europeus, - com a exceção dos Países Baixos e do Luxemburgo, onde obteve resultados à volta dos 2% -, ficou sempre aquém de 0,5%?

 

No fundo, dando-lhe parte do meu conhecimento como coordenador de comunicação durante muitos anos, de um partido novo com uma génese diferente. Dando também conhecimento do trabalho que está a ser feito a nível parlamentar, portanto trabalhando em cooperação. Mas devo frisar sempre que só me filiarei depois do final do meu mandato, porque tenho como premissa cumprir o programa que não é o programa do Volt. Este programa até foi uma das razões que me fez sair do PAN, que foi realmente a imposição ou a dificuldade em cumprir esse próprio programa, para o qual fui eleito.

Está a falar da falta de garantias para avançar num dos pontos principais do seu programa de candidatura, o rendimento básico incondicional. O espera encontrar no Volt as garantias que precisa para avançar nesta matéria, ou até ao final do mandato já terá alcançado os objetivos a que se propunha?

Esses objetivos do programa são muito vastos e são muito densos. E, naturalmente não se conseguem concluir num mandato. Portanto, é uma continuidade. Os alicerces já foram lançados, para se falar, por exemplo, de muitas matérias, como bem-estar animal no Parlamento Europeu. Também já se começaram a debater matérias relativamente ao Rendimento Básico Incondicional. É uma causa que eles defendem, e que eu, felizmente, conseguirei cooperar nessa matéria. No fundo eu quero é que haja debate público e nesse campo, e o Volt já comunga dessas Prioridades.

Desde junho do ano passado, o seu regresso ao PAN nunca foi equacionado.

Não porque foi uma decisão muito ponderada e foi tomada com justa causa. Não estarei num partido que não só se encostou à esquerda, quando tinha o pressuposto de não ser nem da esquerda nem direita, como também bloqueou o meu trabalho em matérias tão fundamentais por exemplo como o Rendimento Básico Incondicional ou pelo menos são projetos-pilotos desta medida. Desejo o melhor para o partido, desejo o melhor para as suas lideranças. Não tenho qualquer quezília com o partido ou com quem quer que lá esteja. Agora claramente não me iria vincular a um partido que, primeiro não fez nada para manter a minha pessoa e muitas pessoas dentro do partido, e depois continua completamente alheado da realidade portuguesa e europeia.

Voltando ao Volt o partido começou por se chamar VOX, mas, segundo li, para evitar mal-entendidos com a extrema-direita espanhola, os dirigentes alteraram o nome para VOLT. Essa é uma das razões. Mas, disseram também que pretendiam trazer "Voltagem" para a política. A analogia leva-nos ao debate que marcará a próxima cimeira europeia. Como é que gostaria que no futuro o partido se posicionasse em matéria de energia, no âmbito das alterações climáticas, nomeadamente em relação à energia nuclear, que há-de ser a fonte de todas as discórdias na próxima cimeira?

Essa é uma das premissas relevantes também dentro do Volt que ainda está em discussão. Portanto a ideia base é não haver construção de novas centrais nucleares, mas ter em consideração a geopolítica de alguns países nomeadamente de Leste que têm este tipo de energia nuclear e que poderão ficar ainda mais dependentes de outros blocos políticos nomeadamente a Rússia. É preciso pôr todas as variáveis numa equação quando se fala nesta matéria. Agora financiar novas indústrias nucleares, não me parece a mim que seja a solução. Até porque nós temos é que reduzir o consumo energético e tornar cada vez mais independentes as pessoas, tornando o autoconsumo e autogeração de energia 100% renovável, uma realidade.

Até onde é que espera chegar com o Volt?

Não espero chegar a lado nenhum. Eu não faço ideia do que é que vou fazer no futuro. Nunca fiz, e não é isso que me preocupa. Movo-me por valores. O meu compromisso é continuar a cumprir o programa. Em 2024, logo veremos.

Ou seja, não sabe ainda se vai candidatar-se em 2024 ao Parlamento Europeu?

Posso-lhe garantir, 100%, não faço ideia, e até porque essa decisão parte primeiramente de falar com a minha família. Até porque toda a gente sabe que eu tenho duas filhas. E, este mandato tem tido custos muito elevados a nível pessoal. Eu não tenho estado a acompanhar a evolução da minha bebé, que tem agora quase cerca de três anos. E isso tem tudo o que ser ponderado, numa próxima possível recandidatura.

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